Prólogo do livro “Legítima Interpretação da Bíblia”.

21/09/2010

[Nota: A obra “Legítima Interpretação da Bíblia” é indispensável para combater não somente os erros do protestantismo, mas também os princípios que o informam: o liberalismo, o individualismo, o subjetivismo, o relativismo e o ecumenismo. Baixe a obra em PDF e não deixe de divulgá-la.]

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Prezado leitor protestante:

Era muito conceituado, em certa cidade, um professor que ensinava, havia 50 anos. As noções que ele ministrava sobre a matemática, a história, a geografia, a língua vernácula etc, as tinha recebido de outros mestres, ainda mais antigos e tão conceituados como ele, os quais por sua vez também já haviam aprendido de outros preceptores. Mas um dia apareceu um jovem aluno que se rebelou contra o ensino de seu mestre. Não lhe agradava o método usado naquelas aulas, nem concordava com o que nelas se aprendia. A seu ver, estava tudo errado. E resolveu abrir uma nova escola, em oposição à do velho e ministrando uma instrução completamente diversa. Mas todo o mundo notou logo que o ensino do jovem revolucionário era completamente desordenado: o moço titubeava, confundia-se, caía em evidentes contradições. Isto serviu para aumentar o prestígio do velho professor, que podia agora dizer com desdém de seu antagonista: vá estudar, menino, porque você ainda não está em condições para abrir uma escola!

O grande navio, pertencente a uma antiga empresa de navegação, singrava os mares em demanda do seu destino, quando o velho comandante foi surpreendido pela revolta de muitos passageiros, que o procuravam para PROTESTAR. O navio, segundo eles diziam, estava seguindo uma direção completamente errada. Pois eles entendiam também de navegação… Embora lhes faltasse a longa experiência, tinham, no entanto em mãos o mesmo livro, os mesmos mapas que serviam de guia ao comandante e a seus auxiliares e tinham chegado à mesma conclusão de que estes estavam redondamente enganados. E diante da recusa do comandante a modificar sua rota, resolveram em nome da LIBERDADE, abandonar o navio, construir, eles próprios, suas embarcações e seguir o caminho que lhes parecia mais acertado. Boa sorte! – respondeu-lhes o comandante. Mas os passageiros que ficaram a bordo, que tinham confiança na velha empresa, no navio, naqueles que o dirigiam, nem tiveram tempo para ver surgir no seu espírito qualquer sombra de dúvida, porque logo observaram que aqueles que PROTESTARAM coalhavam o mar de barcos e barquinhos e barcaças de toda qualidade, mas cada um seguia um rumo diferente…

Esta é precisamente a história do choque entre o Protestantismo e a Igreja Católica. Alguém que esteja de parte observando a luta doutrinária, sem ser nem de um lado nem de outro, ao ver a grita dos protestantes e o entusiasmo com que vivem a citar a Bíblia, pode ainda ficar com uma certa nuvem de dúvida no seu espírito sobre se a Igreja está mesmo em perfeito acordo com as Escrituras. Mas, se tiver o cuidado de ver os protestantes, como são, como divergem, como discutem, como titubeiam e se contradizem, verá aumentar aos seus olhos o prestígio da Igreja. Ela é o antigo mestre a rir-se dos ardores do jovem revolucionário ou como o velho comandante a achar graça na cegueira dos barqueiros improvisados. Sim, porque uma coisa está clara à vista de todos: dizer que alguém está errado é muito fácil, porque falar é fôlego e cada um tem o seu modo de pensar. Mas há também o reverso da medalha:QUEM ACUSA A OUTRO DE ESTAR EM ERRO, TEM A OBRIGAÇÃO DE MOSTRAR COMO É O CERTO. E é aí que se mostra com evidência todo o fracasso do Protestantismo.

Você, caro leitor protestante, está metido nesta balbúrdia de mais de trezentas seitas que ensinam as doutrinas mais diversas. Se, por acaso, os seus correligionários o tem enganado, afirmando que são divergências de muito pouca monta, fá-lo-emos conhecer melhor o que é o Protestantismo e você verá como estas divergências são profundas, escandalosas e sobre pontos importantíssimos. Gritar que só a sua seita está com a verdade e que todas as outras estão erradas, não adianta nem resolve a questão; os elementos de que você dispõe para conhecer a verdade, são os mesmos de que os milhões de adeptos de outras seitas dispõem também; e como você pode garantir que raciocina melhor do que os outros?

Não será o caso de REEXAMINAR agora e confrontar calmamente como a Bíblia esta doutrina católica, que vocês, protestantes, rejeitaram no século XVI e que vem sendo a interpretação do Livro Sagrado, sempre antiga e sempre nova, tradicionalmente seguida, durante 20 séculos, pelos Santos Padres e Doutores e teólogos da Igreja?

Pouco importa, no caso, que o seu espírito esteja cheio de preconceitos, que o seu coração esteja abrasado de ódio contra a Igreja Católica. Se assim é, o seu maior desejo é combatê-la, não é verdade? Mas útil para quem vai entrar em luta, do que conhecer bem a fundo o adversário. E no nosso caso, atribuir à Igreja doutrinas que ela nunca ensinou (como, por exemplo, a doutrina de que o homem se salva EXCLUSIVAMENTE pelas suas obras, pelo seu esforço pessoal), querer atacar a Igreja, atribuindo-lhe teorias por ela mesma condenadas, seria ridículo e seria falta de consciência e você é uma pessoa de consciência, pelo menos assim supomos; pois do contrário pode fechar o livro e já temos conversado.

Sendo você uma pessoa de consciência, é claro que não virá armado de truques, nem de SOFISMAS, nem de CAVILAÇÕES. Nem adianta recorrer a estas armas; o livro mesmo se encarregará de inutilizá-las.

Separar a frase bíblica do seu verdadeiro contexto, para dar a ela o sentido que você quer, não conseguirá fazê-lo; veremos, nas passagens bíblicas susceptíveis de ser exploradas em sentido errôneo, não só o que disseram Jesus e os apóstolos, mas também em que ocasião, com que fim, em que sentido o disseram.

Como também não virá com a idéia de apegar-se de unhas e dentes a uns textos, DESPREZANDO E ENTERRANDO OUTROS. A mesma Bíblia que nos ensina que o homem se salva CRENDO EM JESUS (Atos XVI-31), nos ensina que o homem se salvaOBSERVANDO OS MANDAMENTOS (Mateus XIX-17). A mesma Bíblia que nos diz que o homem é justificado pela FÉ SEM AS OBRAS DA LEI (Romanos III-28), nos diz igualmente que o homem é justificado pelas OBRAS E NÃO PELA FÉ SOMENTE(Tiago II-24). Ora nos diz que a pedra angular da Igreja é Jesus Cristo (1ª Pedro II-4 a 6), ora nos diz que Pedro é a pedra sobre a qual Cristo edificou a sua Igreja (Mateus XVI-18). Ora nos diz que o sangue de Cristo nos purifica de todo pecado (1ª João 1-7), ora nos mostra a remissão dos pecados realizada pelo batismo (Atos II-38) ou pelo poder das chaves conferido aos apóstolos (João XX-23) ou, até mesmo, pela extrema-Unção (Tiago V-15). Ora nos apresenta a vida eterna como uma dádiva (Romanos VI-23), ora como um prêmio (1ª Coríntios IX-24 e 25). Tanto nos fala de Cristo como único salvador de todos (1ª Timóteo II-5 e 6), como fala do homem salvando a si mesmo e salvando os outros (1ª Timóteo IV-16). Se o ensinaram a interpretar a Bíblia aceitando, nestes contrastes, a primeira parte e desprezando, não tomando em nenhuma consideração a segunda, então lhe ensinaram uma interpretação muito errada, porque, se a Bíblia é TODA ela inspirada por Deus, havemos de aceitar toda a Bíblia, e não anda a fazer escolhas entre textos, para ver somente os que nos agradam, porque é daí que nascem as seitas, as divergências, as heresias. A própria palavraHERESIA etimologicamente quer dizer ESCOLHA. E não há homem algum que fique satisfeito, quando dizem que ele não liga duas, não é verdade? Para que não desmoralizem assim a nossa interpretação, ela tem que conciliar todos estes pontos e mais outros que à primeira vista parecem inconciliáveis e com a graça de Deus havemos de fazê-lo.

– É, dirá você, estou de pleno acordo. TODA A BÍBLIA E SÓ A BÍBLIA.

– Calma, caro amigo, isto já está assentando de pedra e cal, porque toda a Bíblia é Palavra de Deus, e a Palavra de Deus não pode ser rejeitada. Quando a dizer SÓ A BÍBLIA, isto não poderemos dizer agora: vamos consultá-la primeiro, estudá-la carinhosamente. Se ela nos disser que só ela é que deve ser ouvida, então aceitaremos o princípio: SÓ A BÍBLIA. Se ela, porém, nos apontar outra fonte de ensino da verdade, teremos que aceitar a esta igualmente, porque não podemos ir de encontro à Bíblia, não acha?

Quanto à tradução portuguesa que usaremos no nosso estudo, não há perigo de você nos acusar de nos termos baseado num texto novo, para arranjar as coisas a nosso favor. Usaremos uma tradução muito antiga da Bíblia e muito utilizada pelos católicos como pelos protestantes: a do Pe. Antônio Pereira de Figueiredo. Servimo-nos, para maior comodidade, do ano de 1881. Mas a 1ª edição saiu e Portugal no século XVIII, portanto numa época em que o protestantismo não havia ainda penetrado no Brasil. Citaremos sempre à risca o Pe. Pereira, comparando, quando for necessário, com o texto original e com outros textos de língua portuguesa tanto católicos como protestantes. A única alteração que faremos é substituir pelo verbo DAR À LUZ o verbo PARIR que, principalmente quando aplicado ao nascimento de Cristo, pode parecer estranho, indecoroso ou pouco educado aos ouvidos de hoje, embora não o fosse absolutamente no tempo em que Pe. Pereira fez a sua tradução.

Finalmente uma última palavra. Vamos estudar a Bíblia com toda sinceridade, não é assim? Pois bem, SINCERIDADE quer dizer o seguinte: se por acaso, pelo nosso estudo, você depreender QUE ESTÁ EM ERRO (e é coisa do outro mundo um protestante reconhecer que está em erro? Há no protestantismo doutrinas inteiramente contrárias umas às outras e onde há contradição há erro, todos sabem disso, porque o mais universal de todos os princípios é de que UMA COISA NÃO PODE SER E DEIXAR DE SER AO MESMO TEMPO) se você depreender que está em erro, como íamos dizendo, não se ponha obstinadamente a querer agarrar-se a argumentos ridículos, nem se limite a dizer displicentemente: “Veremos isto depois”, e dando como sujeito a discussão aquilo que já está por demais examinada e esclarecido, porque, caro amigo, nada podemos contra a verdade, senão pela verdade (2ª Coríntios XIII-8). E se, por acaso, é pastor, é líder, tem admiradores simples e rudes que confiam na sua doutrinação e você reconhece agora que lhes ensinou doutrinas errôneas (máxime se foi por escrito) a sua obrigação é retratar-se ensinando a verdade, porque só assim é que pode seguir a Jesus Cristo, que é a própria Verdade. Assim faz todo homem de bem, e com maioria de razão todo seguidor do Divino Mestre.

E sem esta sinceridade ninguém pode ir ao céu, porque, como diz S. Paulo, Deus retribui com ira e indignação aos que são de contenda e que NÃO SE RENDEM À VERDADE (Romanos II-8).

Não há nada mais belo do que o homem curvar-se perante a verdade. Nisto não há desdouro, nem motivos para constrangimentos, mas sim uma verdadeira libertação. Quanto a você, estimado leitor católico, que vai tranqüilo e sossegado no seu navio, enquanto lá fora as barcaças revoltosas se desencontram, pouca coisa temos para lhe dizer. Que este livro lhe sirva para enriquecer o conhecimento de Cristo e de sua Religião, e o ajude a rebater ainda melhor os ataques e as objeções dos hereges protestantes, são estes os nossos sinceros votos.

NAVARRO, Lúcio. Legítima Interpretação da Bíblia: Campanha de Instrusão Religiosa. Recife: 1958. p. 7-10.

Carta aberta ao senhor Júlio Severo sobre a incongruência da militância protestante contra o aborto e o homossexualismo.

03/01/2010

Há tempos tento mandar uma mensagem diretamente ao Sr. Júlio Severo, todavia não consigo achar o seu e-mail ou outro canal de contato no seu blog. Mas, a publicação do artigo “Esquerda evangélica quer unificação de evangélicos do Brasil” de sua autoria no jornal eletrônico Mídia Sem Máscara foi pertinente para escrever a público aquilo escreveria em particular ao senhor Severo.

Descobri, há pouco tempo, em seu blog, sua atividade denunciatória da promoção da decadência moral imposta ao Brasil por uma classe política ignóbil, ao passo de que professa o protestantismo e, por esses dois motivos, resolvi escrever-lhe sobre isso.

Em primeiro lugar, toda essa crise moral porque passa este século XX e XXI tem raízes profundas não só na sociedade, mas no tempo. Essa crise é oriunda do livre exame protestante, da doutrina  luterana de que basta a fé sem a prática das boas obras, bem como da explosão de filosofias antropocêntricas e humanistas, que substituiu Deus pelo homem como medida de todas as coisas.

Iniciada com a decadência da sociedade medieval e agravada no século XVI com a subversão Protestante e com as citadas filosofias que retiraram Deus de seu devido lugar, representa a grande revolução da humanidade: a ruptura da ordem natural e legítima onde a humanidade se subordina a seu Criador para dar lugar à desordem na qual toda referência de verdade, valores e fins é transplantada de Deus para o próprio homem (eis o humanismo subjetivista).

Ora, como não deduzir esta revolução como o antecedente mais lógico do presente relativismo? Como não concluí-la como causa do pensamento moderno, segundo o qual, o homem só vive de opiniões subjetivas e convencionadas como referência de verdade, ainda que persistam opiniões mutuamente exclusivas?

Podemos ver ainda na modernidade, a legitimação de todos os atos atentatórios à moral cristã, os mesmos denunciados pelo Sr. Júlio Severo, por este mesmo relativismo que apregoa a liberdade individual ilimitada das opiniões (não por acaso, o capitalismo se consolidou juntamente com o liberalismo na Revolução Francesa).

Saliente-se, que sendo o homem dotado de elementos espirituais, além de carnais; e sendo o primeiro condicionante do segundo (o corpo sem a alma é morto), a crise a que assistimos não poderia ter início senão pela revolução da alma e do pensamento, logo, da filosofia e da religião.

Por conseguinte, os vetores desta revolução encontram como grande alicerce para a destruição da autêntica ordem cristã, o relativismo. Era preciso introduzir o relativismo nos campos filosófico e religioso, para que, num efeito dominó, fossem contaminados os demais campos do conhecimento, como a Política, o Direito, as Artes, a Ética, além da própria moral, como reflexo da conduta do ser humano na sociedade.

Não irei discorrer sobre os efeitos deste relativismo nas escolas filosóficas, mas, se aprofundar-se no tema, ficará claro que essas “verdades” relativizadas foram responsáveis pelos grandes genocídios cometidos contra a humanidade a exemplo dos ocorridos na Alemanha nazista e nos países que padeceram (e os que ainda padecem) do flagelo do socialismo.

Atenhamo-nos, assim, para as particularidades da revolução protestante ocorrida no século XVI. Ora como não inserir o protestantismo nesta explosão de relativismo religioso, quando os revolucionários protestantes doutrinam a interpretação pluralista e subjetiva da Bíblia por parte do fiel ao mesmo tempo em que resistem à autoridade unitária e objetiva da Igreja Católica Apostólica Romana? Igreja esta, que bem sabemos ser a Igreja fundada por Cristo, indiscutível e comprovadamente, conforme as Sagradas Escrituras, os testemunhos dos Padres da Igreja e inúmeros documentos históricos apontam.

Como não reconhecer o predomínio do relativismo, quando se desloca a autoridade de magistério da Igreja para o próprio fiel?

Ora, Cristo fundou a instituição eclesiástica com o múnus de ensinar toda a humanidade, portanto, o Magistério desta instituição é o autêntico em matéria de Fé, Moral e Costumes cristãos.

Ao desqualificar o Magistério Eclesiástico, a revolução protestante não quebrou somente a unidade sociológica do Cristianismo, mas algo muito mais grave: o protestantismo destruiu (na verdade, apenas tenta destruir) a unidade da referência doutrinária e magisterial com a qual os fiéis se deparavam. Lamentavelmente, não posso alcunhar essa situação senão de extrema confusão.

Também não é concebível a proposição protestante de que o Espírito Santo inspira todos a interpretar a Bíblia (já que a doutrina protestante só admite como régua de Fé as Sagradas Escrituras, a Sola Scriptura). Ora como podemos admitir essa inspiração com tamanha divergência no seio da comunidade protestante? (se é que podemos dizer que existe algo em comum).

Dirão os protestantes: “As diferenças são em pequenos costumes das denominações que não afetam a Fé”. Ora, bem sabemos que as diferenças são gritantes, chegam a divergir até mesmo sobre a natureza divina de Cristo, alguns a negando e outros a afirmando, passando por questões como a guarda do sábado ou do domingo.

Não se pode dizer, que as diferenças protestantes são equivalentes às que existem entre as Igrejas Orientais, em comunhão com a Santa Sé, porque estas residem em ritos litúrgicos que não exprimem doutrinas discrepantes ao Sagrado Magistério, e mesmo que assim o fosse, o Magistério da Igreja repeliriam os erros e/ou retirariam tais Igrejas da comunhão apostólica; tal não acontece no Protestantismo, cuja autoridade encontra-se pulverizada nos fiéis.

Ademais, em nenhum contexto histórico anterior ao século XVI, mesmo nas Sagradas Escrituras, pode se falar em livre interpretação dos textos Sagrados pelos fiéis, sejam Cristãos ou mesmo os Judeus; a figura dos sacerdotes e pontífices legitimamente instituídos por Deus sempre existiu tanto no Velho como no Novo Testamento. São eles que fornecem o verdadeiro Magistério; e as heresias (do grego, escolher) são justamente as doutrinas contrárias ao estabelecido pelo magistério oficial hierarquizado, quer o judaico no Velho Testamento, quer o da Igreja dos Apóstolos e, obviamente, seus sucessores na Igreja Católica.

Não raro, vejo alguns amigos protestantes de denominações diferentes discutirem calorosamente suas diferenças doutrinárias a ponto de um pontificar para o outro: “…Mas, isto é uma heresia.” Ora como um protestante pode acusar outro de herege, se todos são livres para interpretar a Bíblia (equivocadamente, se dizem inspirados pelo Espírito Santo) e não existe um Magistério Oficial dentre eles a por a Verdade doutrinária? Como poderia um protestante excomungar outro?

Eis, portanto, o resultado do relativismo religioso hodierno. Agora transplantando para os problemas atuais, vejamos o exemplo da ‘Igreja “evangélica” Bola de Neve’. Ainda que estejam claras para o protestantismo tradicional as condenações do texto sagrado às práticas homossexuais, como posso dizer que a interpretação desta denominação, que admite o homossexualismo, inclusive celebra “casamentos gays”, é herética, se todos podem livremente (repito: equivocadamente, se dizendo inspirados pelo Espírito Santo) definir doutrina religiosa? Do mesmo modo, como posso denunciar a Igreja Luterana da Suécia por celebrar “casamentos gays”, com toda essa libertinagem doutrinária? (procurem esses fatos e denominações no Google)

Ademais, se a interpretação da Bíblia é livre, como taxar de herética a doutrina espírita da reencarnação? Os espíritas afirmam encontrar fundamento bíblico para suas doutrinas, portanto, se não há Magistério Oficial para os textos sagrados, como expurgar essas doutrinas da Verdade Cristã? Quem poderá colocar limites a essa libertinagem doutrinária e imoral, senão o Magistério Oficial instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo que, repito, fundou uma Igreja com pessoas autorizadas a anatematizar doutrinas errôneas?

Portanto, a revolução protestante é a grande responsável, ainda que muito indiretamente pelo atual estado de decadência moral por que passa o mundo, em especial o Ocidente. Se o que se deseja fazer é predominar como fundamento moderno o relativismo que visa à derrubada de qualquer Verdade absoluta, nada mais óbvio do que impô-lo à humanidade a começar do âmago de cada indivíduo, pela sua alma, portanto, grande eficácia ele terá se iniciar-se, como feito, pelo ataque à Igreja de Cristo, que como vimos é a Igreja Católica Apostólica Romana, guia das almas na Verdade Absoluta, Cristo, Nosso Senhor, Deus Encarnado.

Não é possível denunciar a decadência moral hodierna, partindo-se de premissas movediças e sem solidez. A partir do protestantismo não se pode fazer condenações sólidas do homossexualismo ou qualquer outra questão de Fé, Moral e Costumes; a premissa Sola Scriptura (Somente as Escrituras) não é suficiente para fazer as denúncias que vocês desejam fazer. A própria Bíblia dependeu da autoridade do Magistério da Igreja, sem ela não foi possível definir quais eram os livros realmente inspirados e quais os apócrifos.

Em outras palavras, os protestantes repelem a Igreja de Cristo, mas ao mesmo tempo ignoram que ela definiu de forma dogmática quais eram os livros autênticos do cânon bíblico. A lista dos livros autênticos é um Dogma Católico!!!!! E os protestantes admitem um Dogma da Igreja, sem mesmo se darem conta disto.

Vejamos o exemplo da Teologia da Libertação. Na Santa Igreja de Cristo, é possível condená-la como erro, pois, temos um Magistério instituído pelo próprio Cristo, que nos fornece a referência de Verdade. E se fosse no Protestantismo? Que autoridade existe, se todos podem livremente estabelecer definições doutrinárias a partir da Bíblia? Notemos que os mesmos teólogos libertacionistas, Leonardo Boff, Frei Betto, socorrem-se deste mesmo princípio da livre-interpretação para propalar seus erros, mas foram prontamente repelidos pela Santa Sé. Como fazer com os “protestantes comunistas” (termo redundante), se não há autoridade que os repila?

E mesmo nas denominações que admitem o Magistério de algum dirigente protestante, de onde ele retirou autoridade para tal? Além do mais, é muito comum encontrarmos choques doutrinários entre dirigentes de denominações, basta apenas ver, nos sites protestantes, os constantes ataques que eles fazem uns aos outros.

Por fim, dirijo-me respeitosamente, ao senhor Júlio Severo e demais leitores protestantes do MSM, para que reflitam as palavras acima colocadas. Não viso ao menosprezo da pessoa de ninguém, mesmo porque, Cristo, Nosso Senhor, não fez distinção de pessoa, quando fundou a sua Igreja, mas mandou-a ensinar a todos. Aliás, quando no Século II (107 d.C.), Santo Inácio, Bispo de Antioquia, chamou pela primeira vez a Igreja dos Apóstolos de “Igreja Católica”, referiu-se à universalidade (Católica=Universal) da Igreja de Cristo, que englobava a todos os seres humanos.

A militância antimarxista no seio protestante é um anacronismo redundante, o que Lutero e demais revolucionários fizeram no campo religioso, foi o mesmo que Marx fez no filosófico, i.e., cada qual em sua esfera pretendeu negar a autoridade constituída; o primeiro o fez na Igreja, o segundo na sociedade como um todo. Lutero preparou o espírito igualitário, relativista e revolucionário e Marx “matou no peito a bola lançada por Lutero para dar aquele chute de primeira” para além da meta da revolução.

Assim, a verdadeira militância contra a decadência moral a que assistimos só pode ser feita nas hostes da Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, a Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana. Ela é a verdadeira guia colocada por Cristo, que deu as Chaves dos Reinos dos Céus ao Apóstolo São Pedro, para ensinar a toda humanidade, conforme as próprias palavras da Verdade Encarnada, Cristo. Ela é o Verdadeiro martelo do relativismo a pontificar uma Verdade Absoluta e Universal, sem a qual ninguém se salva: Nosso Senhor Jesus Cristo, Leão da Tribo de Judá, Cordeiro Manso e Humilde de Coração, Cabeça desta Igreja, fora da qual, portanto, não há Salvação.